MANTRAS




A palavra mantra significa em sânscrito “instrumento para o pensamento [adequado]” (man = pensamento, mente; tra = instrumento). Basicamente, um mantra é um som que tem um significado e tem como objetivo lembrar algo importante para o praticante. Esse som pode consistir em um monossílabo, como o mantra Oṁ, uma frase curta, como Oṁ Gaṁ Gaṇapataye namaḥ (“eu saúdo Gaṇeśa”), ou uma estrofe de 24 sílabas, como é o caso do Gāyatrī mantra. O mantra pessoal é prescrito tradicionalmente por um mestre, em função da personalidade e necessidades do praticante.


Os mantras têm a capacidade de servir como foco para que a mente se concentre. Ela tem a sua própria agenda e difícilmente pode ser controlada. Se você percebe esta dificuldade na sua meditação, isso significa que sua mente é totalmente normal. Respire aliviado, pois isso acontece com todo o mundo. Seu trabalho durante o mantra, consiste justamente em trazer incessantemente a mente de volta para o som do mantra e refletir sobre seu significado. Isso traz como conseqüência o aquietamento da mente. Essa paz mental não é um fim em si mesmo, mas um meio para conseguir o discernimento, para preparar-se para a libertação, mokṣa. Muito embora os mantras possam ser usados para relaxar, combater a ansiedade ou o estresse, esse fim não deve ser esquecido.





Várias vezes por dia canto ou penso no mantra “LOKAH SAMASTAH SUKHINO BHAVANTHU”. Pesquisando na Internet descobri que traduzido do Sânscrito, ao pé da letra, significa "Estejam confortáveis os mundos, em conjunto", o que pode também ser traduzido livremente por: "Que todos os lugares sejam agradáveis”. A frase é um desejo de que o mundo possa ser ou se tornar agradável.
Esse é um sentimento muito peculiar ao Hinduísmo. Se eu estiver em paz internamente, o lugar onde eu estiver se tornará um lugar agradável.
Podemos também, numa tradução mais livre, dizer que é o desejo de: “Que todos os seres do Universo sejam felizes e prósperos”.
É uma oração de uma cultura milenar pela paz e felicidade de todos os seres. É uma contribuição com vibrações positivas para melhorar o mundo. O aspecto mais importante do mantra é que a pessoa não reza só para si, mas para todo o mundo.
Que a paz e a harmonia prevaleçam em nosso dia-a-dia!

Alguns mantras que utilizamos para iniciar ou finalizar a nossa prática no Yoga Vila da Serra:



Antiga oração védica e yogue
Om
Asatoma sad gamaya
Tamasoma jyotir gamaya
Mrityorma amritam gamaya
Om

Om
Do irreal conduza-nos à verdade,
da ignorância conduza-nos à sabedoria
e da morte conduza-nos à vida eterna!
Om

Mantra Gayatri

Compilado há séculos pelo sábio Viswamitri, o Gayatri é considerado um dos mais antigos mantras védicos. Segundo a tradição hindu, Brahma (o criador do universo) recebeu esse mantra da Suprema Divindade e, ao meditar sobre o seu significado, obteve o poder de criar o universo.

Om
Bhur bhuvah swah
Tat savitur varenyam
Bhargo devasya dhimahi
Dhiyo yo nah prachodayat.
Om
Oh! Divina mãe, afaste de nós a ignorância e ilumine o nosso ser!
Dê-nos uma mente serena, para que a sua imagem possa sempre nela refletir-se!

Mantra para Guru para evocar os 3 poderes divinos (Brahma, Vishnu e Shiva)

   Guru Brahma Guru Vishnu
Guru Devo Maheshwara
Guru Sakshat Param Brahma
Tasmai Shri Gurave Namah

Guru is Brahma, Guru is Vishnu, Guru is Lord Maheshwara (Shiva). Guru is verily the supreme reality. Sublime prostrations to Him.


Antiga oração védica e yogue

Om
Saha na vavatu
Saha nau (ô) bhunaktu
Saha viryam
Karava vahai (rrêêê)
Têjasvina vadhi tamastu ma
Vid visha vahai (rrêêê)
Om
Shanti, shanti, shanti (rriii).

Om
Que o criador nos proteja!
Que tenhamos muita saúde!
Que juntos possamos trabalhar e unir as forças para o bem da humanidade!
Que o nosso aprendizado seja repleto de sabedoria!
Que possamos sempre nos compreender uns aos outros!
Om.
Paz, paz, paz!



Mahaa Mrityunjaya (Tryambakam)

Tradução literal: "O Grande Conquistador da Morte"Por Marcelo Cruz
Tryambakam yajaamahe sugandhim pushtivardhanam
urvaarukamiva bandhanaanmrtyormukshiiya maa’mrtaat
“Nós oferecemos reverências àquele que possui fragrância e três olhos, o Senhor Shiva, que nos abençoa com prosperidade. Que ele nos liberte da limitação da morte, assim como a fruta rasteira, ao amadurecer, separa-se naturalmente do ramo. Por favor, não permita que nos desviemos do caminho da imortalidade.”

Este mantra pode ser encontrado em muitos textos, como Shuklayajur Veda, Rig Veda, Atharva Veda, Taittiriya Samhita, Taittiriya Aranyaka e Shatapatha Brahmana. O texto mais conhecido e recitado onde se encontra o Tryambakam é o Shata Rudriya (Shri Rudram), que faz parte do Krishna Yajur Veda. O Rudram contém 11 anuvakas(capítulos) e o Tryambakam encerra após o 11º anuvaka.
É um mantra tão popular quanto o Gayatri. É cantado por familiares e amigos quando há pessoas doentes ou próximas da morte no meio em que vivem. Também pode-se cantá-lo para proteger a pessoa da morte ao fazer algo perigoso, viajar etc.
Para quem deseja moksha (libertação), o mantra invoca a graça do Senhor Shiva para conquistar a morte, ou seja, entender que atma (o Ser) é imortal e livrar-se da percepção de limitação imposta pelo corpo e pela mente. É um mantra para a liberdade, natureza inerente ao atma. No estudo de Vedanta, a morte (mrtyu) é a ignorância. Só existe morte quando eu penso que sou sujeito a ela.  A menção de fragrância se deve ao fato de que quem pratica ações transpira e, por transpirar, tem cheiro desagradável. O Senhor Shiva, mesmo criando, sustentando e transformando o Universo, não tem atributos de uma pessoa mortal, ou seja, não transpira. A ausência de transpiração indica a não ação. A ação é uma visão dual apenas daquele que ignora a sua natureza. Aquele que é sempre “perfumado” não morre, não nasce, não age. Pede-se prosperidade no sentido de maturidade emocional para ver-se livre do sentido de limitação e inadequação.
Também pode ser entendido como saúde em geral, pois a ausência desta é um obstáculo para o estudo e o conhecimento. A fruta mencionada é a melancia (fruta rasteira), pois, ao amadurecer, solta-se naturalmente e não pela força gravitacional. Solta-se (sem ajuda externa) e permanece no mesmo local. É como o jivanmukta (o liberado da vida).
É livre da ilusão de maya (o poder de criação) e continua aqui vivendo sua vida. Esta prece deve ser aprendida e recitada usando os svaras (as três notas, inferior, superior e neutra, que regem o canto védico).
Marcelo Cruz é yogi e vive em Florianópolis, SC.

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